Há exatos 20 anos, no dia 21 de abril de 2003, faleceu uma das maiores cantoras da história da música: Nina Simone. Nascida em 1933 em Tryon, na Carolina do Norte, a artista teve uma vida cheia de altos e baixos, mas que a transformou em um ícone do jazz, blues e soul.
A infância de Nina não foi nada fácil, sua mãe era empregada doméstica e seu pai pregador metodista. Quando ela tinha apenas três anos, seus pais se divorciaram e ela e seus irmãos foram criados pela mãe. A família enfrentou diversas dificuldades financeiras e Nina teve que trabalhar como pianista em bares locais para ajudar nas despesas em casa.
Mas pelo acaso do destino, foi em um desses bares que ela teve seu primeiro contato com a música, tocando piano para os clientes. Seu talento era fácil de ser percebido até para o mais leigo espectador.
Nina Simone, a voz forte do Jazz
Aos 17 anos, ela se formou na tradicional escola de música Juilliard, em Nova York, e começou a se apresentar em clubes de jazz da cidade. Foi lá que ela começou a desenvolver seu estilo único, combinando jazz, blues e música clássica, com uma técnica refinada e timbres criativos.
Com o passar dos anos, Nina Simone se tornou uma das artistas mais importantes do jazz, com músicas como “My Baby Just Cares for Me”, “Feeling Good” e “I Put a Spell on You”. Ela também participou de diversos gêneros musicais, como o R&B, o soul e o folk.
Sua importância na música lhe rendeu diversas premiações, como o Grammy Hall of Fame Award e o Lifetime Achievement Award da Recording Academy.
Samples de sua voz e músicas são usados até hoje por artistas americanos. Além de Beyonce, em Lemonade, muitas das suas músicas favoritas talvez tenham samples de Nina Simone e você nem imagina.
Escute a playlist abaixo
Uma voz forte fora da música
Nina Simone não era apenas uma cantora e pianista lendária, mas também uma ativista proeminente que usou sua bela voz para se manifestar contra a discriminação racial e a injustiça social. Sua música frequentemente abordava as lutas da comunidade negra e a necessidade de direitos civis e igualdade.
O ativismo de Simone estava profundamente enraizado em suas experiências pessoais com racismo. Ela nasceu e foi criada no sul segregado, onde lhe foi negado o acesso a muitos direitos e oportunidades básicas. Sua música reflete a dor e a frustração de viver em uma sociedade que sistematicamente oprimia as pessoas de cor.
Ao longo de sua carreira, Simone usou sua voz e sua música para inspirar e capacitar outras pessoas a lutar por seus direitos. Ela era uma artista frequente em comícios e protestos pelos direitos civis, e sua música “Mississippi Goddam” se tornou um hino para o movimento. Ela também usou sua plataforma para chamar a atenção de outros artistas que não estavam usando sua influência para apoiar a causa.
O ativismo de Simone não se limitou à música. Ela também falou sobre questões como brutalidade policial, pobreza e direitos das mulheres. Na década de 1970, ela até fez uma pausa na música para se concentrar em seu ativismo e trabalhou com organizações como os Panteras Negras.
Batalha silenciosa
A mulher de voz forte e afinada, que encantava com seus versos,e incitava multidões por justiça com seus discursos, enfrentava uma batalha em silêncio contra o câncer de mama.
Ela foi diagnosticada com a doença no final dos anos 1990 e passou por tratamento, incluindo uma mastectomia. Apesar de sua doença, ela continuou a se apresentar e fazer turnês, exibindo sua resiliência e determinação de marca registrada.
No entanto, sua saúde começou a piorar no início dos anos 2000, e ela foi forçada a cancelar vários shows devido ao seu estado. Ela finalmente faleceu em 21 de abril de 2003, em sua casa na França.
O legado de Nina Simone continua vivo, inspirando músicos e fãs ao redor do mundo. Sua música continua tão relevante e poderosa hoje quanto durante sua vida, e sua corajosa batalha contra o câncer de mama serve como um lembrete da importância da detecção e tratamento precoces.
A vida e a carreira de Nina Simone foram interrompidas por sua batalha contra essa terrível doença, mas seu impacto na indústria da música e na sociedade como um todo será sentido nas próximas gerações.